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O Employee Experience (experiência do colaborador, em português), engloba o que as pessoas vivenciam ao longo de sua passagem em uma organização.
A maioria dos negócios tende a proporcionar uma experiência cada vez melhor para o consumidor, mas você já pensou na importância de investir na experiência do colaborador e como essa pode ser a chave para o sucesso da sua empresa?
Com mudanças em nossa sociedade, economia e negócios, otimizar a maneira com a qual os profissionais vivenciam o trabalho tornou-se mais importante do que nunca.
No entanto, uma pesquisa da Deloitte mostra que apenas 9% dos líderes de negócios acreditam que estão prontos para resolver os problemas causados pela má gestão do Employee Experience.
Por aqui, acreditamos que a mudança nesse cenário é urgente.
Isso porque a experiência do colaborador, e relação desse fator com o engajamento e o desempenho dos profissionais, é fundamental para a saúde dos negócios.
Pesquisas indicam que as organizações que proporcionam uma boa experiência aos seus colaboradores, podem alcançar o dobro de satisfação e inovação do cliente e gerar lucros 25% maiores do que aquelas que não o fazem.
Neste artigo explicaremos como uma ótima experiência do colaborador pode ter um impacto positivo em tudo, dos esforços de recrutamento aos resultados a curto e longo prazo.
O que é Employee Experience?
O Employee Experience (EX) é o conjunto de percepções e impressões que o profissional possui sobre a empresa em que trabalha.
Esse conceito é um dos mais importantes para a gestão de pessoas, pois está diretamente ligado ao propósito e aos valores da empresa, além de influenciar os sentidos e significados que serão atribuídos à ela.
Do ponto de vista da organização, o EX é a imagem que ela passa para os seus colaboradores, antes, durante e após a sua passagem pela empresa.
De forma estratégica, o intuito é promover ações que tenham como objetivo o crescimento, desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores, melhorando sua percepção sobre o local de trabalho.
No entanto, o que ainda acontece em alguns contextos é empresas focarem apenas no cliente, negligenciado a satisfação da sua própria equipe.
Isso não é nada benéfico para o desenvolvimento da empresa e é um fator que pode impactar negativamente seus resultados.
A linha entre a vida no trabalho e vida pessoal é muito tênue. Ou seja, tudo está conectado, principalmente depois do home office.
Neste cenário, cuidar de todas as esferas da vida da pessoa é tão importante quanto garantir a sua prosperidade no trabalho.
A era da experiência
Utilizando das mais diversas experiências, tanto pessoais quanto profissionais, formamos nossas opiniões sobre os mais variados assuntos.
Sendo assim, nosso ambiente de trabalho interfere diretamente na forma com que vivemos o tempo livre, assim como este tempo fora da empresa influencia em nosso desempenho profissional.
Esta pauta foi intensificada a partir do surgimento de uma guerra de talentos, onde as organizações começaram a buscar dentro do mercado uma forma de melhorar suas equipes e manter os talentos internos intactos.
Mas este movimento não é exatamente uma novidade no mercado.
O termo “guerra por talentos” foi estabelecido em 1997, por Steven Hankin, da McKinsey & Company, e popularizado pelo livro “The War for Talent”, em 2001.
Na época, já se falava sobre a disputa cada vez mais forte para atrair e reter talentos.
A economia do trabalho freelancer e o crescimento do trabalho remoto trouxeram novas oportunidades para os profissionais, que agora podem escolher onde e quando querem trabalhar e se, de fato, querem ter algum vínculo específico com uma única empresa.
Nesta disputa intensa por talentos, o que as empresas devem fazer para conseguir atrair, engajar e reter os melhores profissionais?
Investir no Employee Experience é uma das respostas.
Para trabalhar com os melhores, as organizações precisam criar ambientes compatíveis, propícios ao desenvolvimento pessoal e profissional.
The Great Resignation (A Grande Renúncia)
Você conhece ou já ouviu falar sobre “The Great Resignation”?
O termo, que em português significa “A Grande Renúncia”, refere-se a uma onda de profissionais saindo dos atuais empregos.
Este fenômeno acontece, entre outras coisas, pela falta de interesse no modelo de trabalho que tinham antes da pandemia e já impactou grandes empresas.
A Apple, por exemplo, ao apresentar um modelo de trabalho híbrido fixo, sem flexibilidade, viu muitos protestos e demissões de talentos.
De acordo com um estudo da Microsoft, chamado 2021 Work Trend Index, mais de 40% da força de trabalho global considerou deixar o emprego em 2021.
O cenário é desafiador, e por isso a palavra humanização tem se tornado cada vez mais relevante na relação com colaboradores.
Afinal, houve uma mudança significativa, não apenas no modo de trabalho, mas na forma com a qual a vida é vista.
Benefícios do Employee Experience
Como vimos, o EX é a medida do relacionamento entre os colaboradores e uma organização.
Nesse sentido, a qualidade da sua gestão é naturalmente responsável por trazer inúmeros benefícios às empresas que prestam atenção nesse fator. Confira alguns deles:
Aumento do engajamento
A maioria das empresas visa melhorar o engajamento dos profissionais, uma vez que isso está altamente relacionado à rotatividade e produtividade do time.
Afinal, um profissional engajado tende a render mais, já que se interessa mais e tem mais vontade de fazer a diferença.
Nesse cenário, garantir que o profissional tenha uma boa experiência no ambiente de trabalho (através do EX) é uma ação que contribui grandemente para o aumento do engajamento.
Otimização do processo de recrutamento
Hoje, a maioria dos candidatos a emprego procura informações sobre uma empresa facilmente na internet. Seja em sites de busca de emprego específicos, como o InfoJobs, ou mesmo em redes sociais, como o Linkedin.
Nesse contexto, o aumento de sites de avaliação de empresas e busca online por empregos indica o desejo dos funcionários entenderem como será sua experiência em uma organização, antes mesmo de um primeiro contato com alguém da empresa.
É por isso que ter uma cultura forte com employee experience consolidado e positivo é fundamental.
Sem um compromisso com este fator, críticas negativas feitas publicamente podem afugentar talentos em potencial para sua organização.
Melhora na retenção
Estamos vendo cada vez mais pessoas deixando as empresas logo após a contratação. Conforme mostra a pesquisa da Culture Amp, cerca de 10% das pessoas estavam saindo dentro de seis meses após começar um novo emprego.
Uma introdução adequada em uma organização, por meio de processos estruturados (que fazem parte do EX também) pode fazer uma enorme diferença no que diz respeito ao desejo de permanência de um funcionário, sua produtividade e sua percepção sobre a empresa.
Otimização de resultados
Por fim, uma boa experiência do funcionário pode impactar diretamente nos resultados de sua organização.
Uma análise de mais de 250 organizações globais descobriu que as empresas que pontuaram mais alto nos benchmarks de experiência do funcionário possuem:
- lucros médios quatro vezes maiores;
- receitas médias duas vezes maiores;
- e rotatividade 40% menor em comparação com aquelas que não obtiveram.
Bem-estar dentro do Employee Experience
O bem-estar é uma medida de saúde, incluindo os estados físicos, emocionais, mentais e espirituais de uma pessoa.
No caso dos colaboradores, o bem-estar é um grande indicativo da sustentabilidade de seu engajamento.
Apesar do Employee Experience e do bem-estar promoverem práticas compatíveis, eles não são a mesma coisa. Mas é provável que um grupo de funcionários tenha alto bem-estar se o EX estiver os ajudando a renovar a energia mais rapidamente do que a gastam.
Normalmente, esse seria o caso de ambientes em que os funcionários:
- sentem que podem ser bem sucedidos;
- tem os recursos necessários para fazer uma quantidade realista de trabalho;
- estão em uma função que entendem e estão cientes da sua contribuição com os os objetivos maiores da empresa;
- recebem elogios apropriados por seus esforços.
Assim como no engajamento geral, o bem-estar dos funcionários é influenciado pela organização, e desenvolver um guia de bem-estar dos funcionários certamente é importante.
No entanto, este índice também é afetado por fatores externos, como relações familiares ou problemas financeiros.
Ao contrário do engajamento, vários aspectos do bem-estar não são de responsabilidade de uma organização.
Por exemplo, a saúde é resultado de muitos componentes interativos e, embora as organizações possam e devam abordar as partes que se enquadram no EX (como a carga de trabalho), ela continua sendo competência de especialistas e terapeutas.
Como trabalhar o employee experience na sua empresa
Se você já tem um plano de EX que deseja melhorar ou está prestes a criar um do zero, aqui temos algumas recomendações:
1. Determine sua prioridade
Primeiro, você precisa identificar sobre qual aspecto da experiência do colaborador sua organização deve se concentrar.
Se você estiver prestes a aumentar significativamente o volume de contratações, convém concentrar-se primeiro no estágio de atração/recrutamento e considerar o uso de uma pesquisa para obter feedback.
Agora, se estiver com altas taxas de rotatividade, vale investir tempo e recursos para entender e melhorar aspectos da experiência relacionados à retenção.
Não há lugar certo ou errado para começar – tudo depende da prioridade da organização no momento.
2. Colete dados
Se você deseja ter uma compreensão da jornada do colaborador, é importante criar uma cultura de dados dentro da sua empresa.
Uma boa forma de fazer isso é através dos feedbacks. Caso ainda não tenha feito disso uma prática frequente ou queira melhorar o método dentro da empresa, nosso Manual Prático do Feedback pode te ajudar.
Coletar dados suficientes para começar a fazer ligações sobre a experiência do funcionário leva certo tempo. É por isso que recomendamos não se sobrecarregar resolvendo tudo de uma vez.
Em vez disso, comece concentrando-se em um aspecto do employee experience (como integração ou recrutamento), entenda esses números e aumente seu programa de captura de dados a partir disso.
3. Saiba relacionar informações
Dados coletados para um objetivo específico também podem servir em outros pontos críticos da organização, sejam eles vindos de feedbaks ou avaliações.
Por exemplo, se você já executou uma pesquisa de engajamento, esses dados também podem ajudá-lo a informar em quais fatores se concentrar em sua pesquisa de saída.
Por isso, é importante saber relacionar informações e explorar todo o seu potencial.
4. Empodere a ação
As pesquisas de experiência do funcionário fornecem muitas informações valiosas, mas não adianta coletar esses dados se você não os usar para agir.
Sendo assim, recomendamos examinar os resultados das pesquisas para modificar os programas de toda a organização, bem como os resultados detalhados.
A partir daí, você pode identificar se há gerentes, departamentos ou equipes específicas que precisam de suporte extra e também pode ajudá-los a entender como estão se saindo em comparação com a empresa em geral.
Isso dará a todos a oportunidade de fazer pequenos ajustes de forma independente para melhorar as experiências dos funcionários.
Palavra de especialista sobre o Employee Experience
Jacob Morgan, que se denomina como comunicador e futurista – além de autor de 4 best-sellers, traz os últimos benefícios que serão citados neste artigo.
Em alguns casos, citações são importantes. E neste caso específico, estamos muito determinados em lhe provar os benefícios do investimento em employee experience.
Entenda os dados do futurista em relação aos benefícios da centralização da experiência do colaborador:
- 7 vezes mais Employer Branding: ao melhorar a experiência, aumentam as chances dos seus colaboradores tornarem-se promotores da sua empresa, tanto para seu círculo de convivência quanto nas redes sociais.
- 2 vezes mais receita: ao entender seus colaboradores e colocar suas necessidades no centro, diversos custos podem ser cortados, junto a um aumento da produtividade dos times.
- 40% menos turnover: colaboradores que possuem suas necessidades atendidas diminuem suas chances de deixar a empresa, aumentando as taxas de retenção de talentos.
- 4 vezes mais inovação: ao contemplar os pilares da experiência, as taxas de comportamentos inovadores crescem significativamente!
Uma forte experiência do funcionário é um dos investimentos mais poderosos que uma organização pode fazer.
Isso levará a benefícios visíveis, como o desenvolvimento de novos talentos, de novas especializações e de carreiras e também um possível aumento de receita.
Pronto para implantar ou otimizar o EX por aí?
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