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Reter os principais talentos da empresa tem sido uma tarefa muito complicada, mas saiba que ela pode ficar ainda mais difícil.
Por isso, neste artigo vamos te apresentar um método que tem se mostrado muito eficiente nesse contexto: o partnership.
O contexto de mercado
Em 2020, a Gallup mostrou em seu relatório que apenas 20% dos colaboradores estão engajados com o trabalho! Ou seja, em média 80% dos trabalhadores não estão engajados.
Imagina então que, na empresa onde você trabalha, apenas 2 a cada 10 pessoas estão engajadas. Parece ruim? Saiba que pode ficar pior!
De acordo com uma pesquisa com mais de 1.700 diretores de RH desenvolvida pela Robert Half, o Brasil teve o pior aumento no índice de turnover. Enquanto a média global ficou em 38%, por aqui os valores foram de 82%.
Se analisarmos os 2 dados juntos, temos que 82% dos colaboradores irão por algum motivo sair da empresa. Qual a chance de no meio destes 82% estarem os 20% engajados? Ou os principais talentos da empresa?
Olha o tamanho do risco de perdermos os principais talentos. O quanto você acredita que a sua empresa está perdendo em resultados com este risco?
Nesse cenário, temos o modelo de partnership não apenas como uma excelente estratégia de retenção de talentos, mas também como modelo de desenvolvimento e crescimento.
O que é Partnership?
Adotado por muitas empresas ao redor do mundo há anos, em tradução literal, partnership quer dizer “parceria”. Essa denominação não está errada, mas como modelo de gestão – ou modelo de estrutura societária – ele vai além.
Mais do que uma estratégia de retenção de talentos, estamos falando da cultura organizacional da empresa. Com base nisso, e definido como um modelo de gestão, ele pode ser conceituado como um programa de incentivo de longo prazo.
Mediante a metodologia, por meios de mérito e de forma integrada à progressão de carreira, colaboradores-chave podem se tornar sócios relevantes da organização em que trabalham.
Por que adotar o modelo de Partnership?
Durante a gestão precisamos alinhar os interesses do time, ou seja, alinhar os colaboradores aos interesses da empresa.
No modelo de partnership conseguimos fazer o casamento entre conquistas pessoais e também de negócio, já que todos ganham com o crescimento da empresa.
Veja alguns cases de Partnership
Atualmente, BTG Pactual, XP Investimentos, Startse e Ambev são as principais referências em estruturas de partnership no Brasil.
Partnership da XP Investimentos
A XP Investimentos é a maior corretora de valores mobiliários do Brasil. Em 2019, ela realizou a oferta pública de suas ações (IPO) na NASDAQ, uma das maiores bolsas de valores dos Estados Unidos.
Além de excelentes resultados no mercado, a XP Investimentos possui um partnership eficiente que proporcionou retenção e atração de talentos ao longo dos anos, e foi responsável pela produção dos resultados que hoje se admiram.
O fundador da empresa, Guilherme Benchimol, chegou a declarar que o modelo partnership foi essencial para o crescimento da companhia. Na XP, os funcionários estratégicos recebem o direito de comprar uma participação da empresa, tornando-se novos sócios.
Em resumo, a matemática do partnership é: quanto mais sócios engajados e gerando bons resultados, melhor. Com isso, há maior valorização das ações na companhia.
O partnership da XP Investimento em dados:
- cerca de 25% dos colaboradores são Sócios
- o sócio mais jovem tem 23 anos
- não há tempo mínimo de casa para se tornar sócio
- mais de 100 sócios não ocupam cargos de liderança
- 40% dos sócios são da área de backoffice
- 2,3 anos foi o tempo médio de casa dos colaboradores que se tornaram sócios recentemente
“Aprendemos desde cedo a dividir para crescer, pois sempre acreditamos que o nosso sucesso dependeria de pessoas”
Guilherme Benchimol, CEO da XP
Partnership Startse
Em seu primeiro ano de existência (2016), a Startse faturou R$2,5 milhões de reais. No ano seguinte foram R$15 milhões e depois R$36 milhões. Já em 2019, foram R$58 milhões de vendas.
Sua grande vantagem é ter todo o exército alinhado para fazer essa transformação, assim o desafio não está concentrado apenas nos fundadores. Com eles, estão 30 sócios que dia e noite buscam formas de trazer receitas alternativas para a empresa.
Com mais ou menos 60 colaboradores, aproximadamente 50% deles são sócios na Startse.
E olha que resultado incrível: como meio de comparação, se pegarmos a média de produtividade do brasileiro (receita anual da empresa / total de colaboradores) teremos um resultados de R$67 mil por colaborador no Brasil.
Na Startse, este dado em 2019 era de aproximadamente R$966 mil por colaborador, 14 vezes maior que a média nacional.
5 principais benefícios do modelo Partnership
Uma das grandes mudanças que conseguimos perceber nas empresas que adotam o modelo é a mudança de mentalidade do colaborador, que passa a entender que todo o seu esforço também será benefício.
Com isso, e com base nos dados e feedbacks de empresas que adotam o modelo pelo mundo, podemos definir que os 5 principais benefícios do modelo são:
- atração e retenção de talentos
- maiores níveis de engajamento das pessoas
- estabelecimento de uma cultura sólida
- manutenção de uma estrutura organizacional enxuta e eficiente em termos de custos
- resultados acima da média
No material público do Banco BTG, eles listam mais benefícios constatado por eles. São eles:
- incentiva a cultura de trabalho em equipe, atração e desenvolvimento de talentos, empreendedorismo, meritocracia e comprometimento de longo prazo;
- reforça substancialmente a integração de nossas áreas de negócios e maximiza a venda cruzada entre os produtos;
- permite manter um intenso comprometimento junto aos clientes, identificando e capitalizando oportunidades nos mercados globais;
- facilita a capacidade de manter uma estrutura organizacional enxuta e eficiente em termos de custos;
- como resultado, esses fatores criam um alinhamento de interesses sem precedentes dos nossos sócios com os nossos clientes.
Parece incrível, não é mesmo? Então, iremos te passar os pilares que fazem com que o modelo possa funcionar na sua empresa também.
Critérios para entrada de novos sócios
Antes de iniciarmos aqui, vale lembrar que cada empresa pode, e deve, ter seu método para seleção de novo sócios. Neste artigo propomos alguns caminhos para chegar nestes colaboradores.
Seja semestralmente ou anualmente, a empresa discute via comitê quem são os elegíveis para entrar na sociedade.
Esta discussão deve levar em consideração as avaliações de performance e as avaliações de cultura de cada colaborador, com isso surge a matriz de cultura e performance.
De modo resumido, todos os colaboradores que ficarem no quadrante “sócio”, com alta performance e elevado fit cultural, estão aptos a se tornarem sócios por meio do programa de partnership.
Na XP Investimentos, por exemplo, o processo de entrada de novos sócios ocorre por meio de avaliações semestrais.
Durante o processo, um comitê de sócios sêniores avalia cada pessoa elegível por meio de dossiês individuais e, no final do processo, os mais bem avaliados no comitê tem seus nomes divulgados.
Cultura Organizacional
Existem basicamente três perspectivas que constroem uma cultura. Elas são processos e rotinas, estratégia e comportamentos.
A cultura organizacional de uma empresa é representada principalmente pelos comportamentos e atitudes das pessoas no dia a dia.
Na prática, podemos dizer que a cultura de uma empresa é como as pessoas se comportam e fazem as coisas dentro da empresa.
Mas a cultura também precisa de processos, símbolos, valores e rituais que a empresa adota exatamente para guiar o comportamento e as atitudes das pessoas.
Definitivamente, a cultura é uma das maiores riquezas de qualquer empresa, como já dizia Peter Drucker:
“A cultura come a estratégia no café da manhã”.
Por isso, é fundamental que ela seja trabalhada e percebida no dia a dia de todos os colaboradores. Uma cultura forte permite que todos possam ter liberdade e saibam quais são as suas responsabilidades.
Um material que é imprescindível para a cultura é o Culture Code ou Guia de Cultura.
Nele constam os valores e comportamentos esperados para garantir o alinhamento de todos os colaboradores com a empresa.
Mas não basta escrever belas palavras e colocá-las na parede da empresa, elas precisam ser vividas e percebidas dentro da companhia.
Para entendermos como está o Fit cultural é fundamental que tenhamos ciclos de avaliações de cultura e também de feedbacks sobre os valores e comportamentos de cada colaborador.
Estratégia e performance
Como já dizia na década de 30 o presidente da 3M William McKnight, “contrate pessoas boas e deixe-as em paz”.
Ou seja, o segredo está em conseguir envolver e alinhar as pessoas em torno de objetivos comuns a todos e deixá-las trabalhar.
Por este e outros motivos, precisamos ter transparência e foco em garantir o alinhamento estratégico com os objetivos de todos dentro da empresa.
Por isso, sugerimos o modelo de OKR para o desdobramento estratégico e alinhamento dos colaboradores.
Com base nos OKR iremos fazer as avaliações de performance de cada colaborador que irá para o comitê de partnership (lembrando que performance é o outro eixo da Matriz).
Se você ainda não conhece o modelo de gestão OKR, trata-se da abreviação de Objectives and Key Results, que é um modelo para gestão ágil de desempenho adotado pelas maiores e mais bem sucedidas empresas do mundo atual (como Google, Netflix, Spotify, BMW, Linkedin, e outras).
O que diferencia o OKR de modelos tradicionais é sua característica de comunicação e alinhamento. Quando adotado, ele motiva as pessoas a trabalharem juntas, concentrando esforços para fazer contribuições mensuráveis e desafiadoras para o progresso de uma organização.
Se você quer saber mais sobre OKR, confira o nosso Guia Definitivo de OKR o mais completo eBook sobre o modelo OKR de gestão.
O que é valuation Partnership?
Vamos começar do princípio, explicando o que significa valuation.
Valuation é o valor de mercado da empresa e, para que o modelo de partnership funcione corretamente, é muito importante que este valor de entrada seja pré-definido.
Não esqueça que os critérios para definição do valuation e valor das ações devem ser claros para todos.
A entrada de sócios via partnership deve ser sempre com base em um valuation descontado, ou seja, abaixo do valor de mercado real da empresa.
Alguns modelos utilizados para cálculo de valuation de partnership são:
- 5x Ebitda + Patrimônio Líquido
- Faturamentos dos últimos 12 meses X Múltiplo descontado do setor
É de extrema importância que o valuation seja atrativo para o colaborador e sustentável para a empresa, pois um dos benefícios do modelo para o colaborador é o ganho de patrimônio que ele tem com base na valorização da empresa.
Mas vale frisar que o colaborador apto para partnership necessita comprar suas ações, ou seja, ele não ganha as ações.
E aqui existe mais um benefício que favorece o modelo: o pagamento das ações não se dá por desembolso do colaborador e sim via distribuição de lucros da empresa.
Com isso, o colaborador quita a aquisição das ações com base nos resultados que ele gera para a empresa.
Distribuição de Lucros
Em relação à distribuição de lucros – remuneração variável, é fundamental que o modelo seja meritocrático (no qual cada sócio recebe de acordo com os resultados gerados por ele, equipe, empresa e também avaliações de cultura).
Este benefício se torna uma motivação adicional para que ele busque melhorar seu desempenho continuamente.
Na XP Investimentos, por exemplo, as decisões de remuneração variável ocorrem com base nos resultados gerais da empresa, impacto gerado pelo seu time no semestre, sua contribuição individual aos resultados do time, a forma como os resultados foram alcançados (aderência ao propósito, cultura e valores), seu potencial futuro e seu valor de mercado.
Resumindo Partnership
Como o modelo tem como base resultados e cultura, ele desenvolve a mudança de mentalidade do colaborador que passa entender que o seu esforço garante seus benefícios.
Com isso teremos o equilíbrio perfeito entre os interesses do colaborador e da empresa, garantindo o alinhamento de objetivos, desenvolvimento constante, potencialização dos resultados e ganhos de capital para todos na empresa.
O colaborador, por exemplo, passa a ter 4 formas de ganho financeiro, que são:
- salário
- distribuição dos lucros
- distribuição de dividendos
- valorização da ação da empresa
Então, se você procura ter todos estes benefícios, a equipe CoBlue está disposta a te ajudar na implantação do modelo de Partnership, além da construção e gestão dos seus OKRs, feedbacks e avaliações de cultura.
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Um abraço e boa gestão.
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