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Síndrome de burnout: entenda o que é e como evitar no trabalho

Tempo de leitura: 11 minutos

A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é a sensação contínua de exaustão mental e física, devido condições desgastantes no ambiente de trabalho, que impacta diretamente no bem-estar e na produtividade dos colaboradores.

Uma pesquisa realizada pela Runrun.it afirma que:

  • 61% dos entrevistados se sentem esgotados no fim do expediente;
  • 54% acredita que não consegue entregar os projetos e as tarefas com qualidade;
  • 43% tem dificuldade de se desconectar depois de um dia de trabalho; e
  • 38% julga que a eficiência não é mais a mesma.

O tema tem ganhado cada vez mais destaque já que a Síndrome de Burnout, desde o dia 1º de janeiro de 2022, está sendo classificada como doença do trabalho pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e as empresas precisam ficar cada vez mais atentas para esse risco.

Para saber mais sobre o assunto continue a leitura e entenda como cuidar da sua saúde mental e a do seu time:

O que é a Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout é um distúrbio relacionado ao esgotamento mental e físico no trabalho, levando a uma exaustão profissional que, em casos mais graves, pode resultar até mesmo em depressão profunda. 

Esse conceito foi mencionado pela primeira vez pelo psicólogo Herbert Freudenberger na década de 70. Nessa época, ele trabalhava 12 horas de dia e à noite, no qual atendia até 10 usuários de drogas por hora em uma clinica para dependentes químicos. 

Diante desse cenário, Freudenberger observou alterações significativas na sua motivação, no seu humor, bem como na sua personalidade. A partir dai, ele passou a associar todos esses sintomas  à exaustão profissional, culminando na formulação do conceito clínico para o burnout.

Hoje em dia, a síndrome de burnout passou a ser considerada uma doença do trabalho pela nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e agora as empresas devem ficar atentas a essa mudança.

Segundo pesquisa realizada em 9 países pelo ISMA (International Stress Management Association) em 2019, essa síndrome já afeta cerca de 33 milhões de brasileiros.

Conheça os sintomas

O desgaste profissional não sinaliza apenas sintomas na saúde mental no trabalho. Na verdade, influencia também na saúde física do colaborador e provocam alterações comportamentais.

Dentre os principais sintomas do Burnout de acordo com Ministério da Saúde estão:

  1. Pessimismo: pessoas constantemente negativas, como se nada fosse dar certo.
  2. Cansaço mental: geralmente apresentam um cansaço excessivo e constante, difícil de recuperar.
  3. Dificuldade de concentração: As pessoas podem também sentir dificuldade em se concentrar no trabalho, nas tarefas do dia a dia ou em uma simples conversa.
  4. Fadiga: é comum que o colaborador apresente falta de energia e cansaço recorrente, que pode ser confundido com normalidades do trabalho. 
  5. Baixa autoestima, sentimento de incompetência: Outra característica muito comum é o sentimento de que não estão fazendo o suficiente dentro e fora do trabalho.
  6. Alterações bruscas de humor: Em alguns casos, as pessoas apresentam  alterações repentinas de humor com períodos de irritação.
  7. Isolamento: Como consequência de alguns dos sintomas, a pessoa tem tendência em se isolar de pessoas importantes na sua vida, como amigos e familiares.
  8. Ansiedade: outro sintoma muito comum e presente na maioria dos casos. Nesse caso, a ansiedade começa interferir completamente no desenvolvimento e na habilidade do colaborador. 

Além disso, os sintomas mentais podem ainda se estender em sintomas físicos, como: 

  • dor de cabeça;
  • sudorese;
  • taquicardia;
  • dores musculares;
  • pressão alta;
  • insônia; 
  • distúrbios gastrintestinais;
  • distúrbios alimentares;
  • crises de pânico.

Mas é importante ressaltar que os sintomas não irão surgir de repente.

Portanto, o colaborador pode achar que é algo passageiro por algum caso isolado e, por isso, deixa passar. 

Daí a importância do líder saber identificar os sinais o quanto antes a fim de tratar os sintomas precocemente para que o quadro não se transforme em transtornos cada vez mais graves como depressão e vícios em álcool, por exemplo.

Os 12 estágios da síndrome

Freudenberger, juntamente com o também psicanalista Gail North, traçaram a trajetória que leva o profissional ao burnout, dividindo-os em 12 estágios que podem acontecer em intensidades e em ordens diferentes dependendo de cada realidade. 

Mas é importante lembrar que algumas pessoas podem passar por todos ou apenas alguns dos estágios. Contudo, a lista serve como um indicador de sinais que devem ser observados:

1º estágio: dedicação intensificada e necessidade de aprovação  

O colaborador se sente responsável em ser produtivo, em mostrar que sabe fazer determinada tarefa e tem a necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia. 

2º estágio: excesso de trabalho

Como o profissional assume várias responsabilidades de uma vez e ele exige muito mais de si mesmo, acaba ficando mais horas após o expediente para dar conta das entregas.

Por isso, nesse caso, é muito comum o colaborador começar o expediente mais cedo e ser uma das últimas pessoas a deixar de trabalhar.

Além disso, essas pessoas checam e-mails e mensagens antes de dormir, trabalham nos finais de semana (sem que seja pedido pelo líder) etc, 

3º estágio: descaso com as necessidades pessoais

Como a sua vida começa a girar em torno do trabalho, algumas atividades básicas ficam em segundo plano como, por exemplo: ter uma alimentação adequada, dormir o suficiente e bem, sair com os amigos e estar perto da família. 

4º estágio: aversão e fuga de conflitos

Nessa fase, o profissional percebe que está com problemas e que algo não vai bem, mas não consegue identificar a causa. Como não há tempo para averiguar por ter muito trabalho, o colaborador não enfrenta os sintomas para evitar demonstrar fraqueza. Então é quando ocorrem as manifestações físicas;

5º estágio: reinterpretação dos valores

As percepções nessa fase começam a mudar. O que antes o colaborador considerava errado, passa a ser o certo. Por exemplo, se o profissional passa a almoçar trabalhando para dar conta das demandas, ele começa a achar errado quem não tem a mesma atitude.

Além disso, o que antes tinha valor agora não tem mais importância: família, lazer, hobbies, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;

6º estágio: negação de problemas

Nessa fase surge a impaciência com os colegas e a irritabilidade que pode comprometer o clima de trabalho, a produtividade e o relacionamento com os outros profissionais. Frequentemente passa a  ver os outros como incapazes, incompetentes ou com desempenho abaixo do seu. 

As suas atitudes estão relacionadas diretamente à pressão e ao excesso de demandas, mas o colaborador ainda não enxerga que precisa de ajuda.

7º estágio: afastamento e aversão a reuniões

Nesse estágio, o colaborador passa a se fechar para os outros e se sente cada vez mais sozinho, preferindo se comunicar via e-mails e mensagens, por exemplo. Se antes gostava participar de um happy hour, agora evita conversar sobre o assunto para nem ser convidado.

8º estágio: mudanças de comportamento

A pessoa se torna completamente diferente do que costumava ser e essas alterações são tão perceptíveis que podem ser notadas pela família e amigos. A alegria, dinamismo, leveza dá lugar ao medo, apatia e agressividade.

Além disso, passa a se sentir desvalorizado, deixando de ver valor no próprio trabalho.

9º estágio: despersonalização

Ao ter seu comportamento alterado e sem convívio social, o colaborador passa a viver no “piloto automático”. É como se ele se desconectasse de tudo que gosta de fazer. Profissionais nesse estágio se sentem desmotivados para trabalhar.

10º estágio: vazio interno

Esse é um sentimento que toma conta nesse estágio e a pessoa passa a buscar qualquer coisa para amenizar esse desconforto. Nesse caso podem ocorrer, por exemplo, compulsão alimentar, vícios em álcool, etc

11º estágio: tristeza profunda

Nesse caso, os sintomas se confundem com a depressão. Dessa maneira, fazem parte do dia a dia do colaborador a indiferença, desesperança e exaustão. A vida perde o sentido para a pessoa e há uma sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante.

12º estágio: síndrome de Burnout

Esse último estágio é a síndrome de burnout propriamente dita, onde ocorre o colapso físico e mental que deixa o profissional incapacitado de exercer suas atividades laborais. 

Esse é o estágio considerado como emergência e a ajuda médica e psicológica se torna uma urgência.

Quais são as causas?

Se você acredita que o que realmente causa o esgotamento no trabalho é apenas fazer hora extra, estresse e excesso de trabalho está completamente enganado. 

A experiência do colaborador, cultura organizacional e a forma como as pessoas vivenciam o dia a dia no trabalho tem uma influência mais forte no esgotamento e no bem-estar do que as horas trabalhadas.

É o que apresenta o relatório recente da Gallup, “Employee Burnout: The Biggest Myth, com os 5 principais fatores que desencadeiam a síndrome de Burnout:

  1. sobrecarga de trabalho;
  2. pressão;
  3. falha na comunicação;
  4. falta de suporte por parte do líder;
  5. injustiça no trabalho.

Portanto, pressionar e esperar que os colaboradores entreguem mais em cada vez menos tempo pode ter um efeito negativo na produtividade, qualidade das entregas e além de aumentar a taxa de absenteísmo já que pessoas com a síndrome de burnout estão menos engajadas e conectadas com o trabalho.

Em relação ao home office, para especialistas, os principais motivos para o trabalho remoto ser mais cansativo é o conjunto de pressão de estar online o tempo todo, várias horas seguidas em frente ao computador além do horário de trabalho e o acúmulo de tarefas domésticas e trabalhistas.

Para as empresas: medidas para prevenir

Cuidar da saúde mental dos colaboradores no ambiente de trabalho não é uma tarefa fácil. Cada vez mais cientes disso, as empresas têm investido cada vez mais em cuidados com o colaborador além da vida profissional. Este, aliás, possui um retorno certeiro: o da produtividade.

Mas burnout é uma doença evitável. Por isso, trago algumas orientações práticas para ajudar os gestores e RH a agirem de forma preventiva e evitar danos irreparáveis aos colaboradores. Confira:

Valorize o período de descanso

Ajude os colaboradores da sua empresa a se desconectarem do trabalho! Certifique que eles tenham um período de descanso para recarregar as energias e voltar com mais disposição. 

Por isso, evitar mensagens fora do expediente, garantir que o profissional não passe do horário de trabalho e faça pausas durante a sua jornada do dia é essencial para se desligar um pouco e voltar com mais disposição.

Em contrapartida, ajude as pessoas a se conectarem com suas famílias, seus amigos e seu momento de lazer pois, isso irá impactar positivamente não somente na vida pessoal dos colaboradores, como em sua vida profissional.

Dê feedbacks

Estimular a cultura do feedback e a troca entre as pessoas é fundamental. Dessa forma, os ruídos na comunicação são resolvidos e ainda recebem um retorno sobre como a empresa e o líder enxergam valor no papel desempenhado pelo profissional.

Por isso, converse com os colaboradores e também escute o que eles têm a dizer. Dê feedbacks que sejam construtivos para que o profissional tenha conhecimento  dos seus pontos fortes, fracos e onde ele pode se desenvolver. 

Essa é uma prática que demonstra consideração, respeito pelo profissional e ainda uma forma de proporcionar o aprendizado e desenvolvimento do outro.

Crie uma cultura de cuidado emocional

Ter uma comunicação clara com os colaboradores para entender os problemas, tanto profissionais como pessoais, é essencial para identificar os primeiros sinais de burnout, o que permite a busca por ajuda precoce antes de chegar no último estágio de exaustão.

Promova o bem-estar no trabalho

O bem-estar influencia diretamente no dia a dia dos colaboradores. Um clima organizacional saudável, boa estrutura e o estímulo a um dia a dia com qualidade de vida tornam os profissionais mais felizes e, consequentemente, mais produtivos.

Não basta oferecer uma sala de descanso ou uma mesa de sinuca para tornar o local de trabalho agradável. É preciso se atentar ao básico e ir além, enxergando as verdadeiras necessidades das pessoas!

Não negligencie o que o colaborador está sentido

Pode não ser passageiro e coisa de momento. Saiba identificar qualquer um dos sintomas da síndrome de burnout e como tratá-los. Para isso, as lideranças deverão contar com apoio da assistência médica e/ou psicológica.

Faça pesquisas de humor constantemente

Para entender como está cada membro da sua equipe, setor e a empresa como um todo, as organizações precisam contar com o apoio de uma pesquisa de humor regularmente para conseguir identificar problemas e agir rapidamente.

Esses são apenas alguns dos principais elementos que devem fazer parte da sua estratégia de RH para proporcionar um ambiente de trabalho mais feliz, saudável e produtivo.  

Dessa forma, os colaboradores saem ganhando, pois mantém a saúde mental e física em dia, e a empresa, com trabalhadores mais engajados e motivados atuando para alavancar os resultados da organização.

E ai, pronto para promover o bem-estar na sua empresa?

Caso precise de algum auxílio relacionado a esse assunto e procura melhorar a saúde mental do seu time, estamos aqui para ajudar você, gestores e RH, na implantação, além da construção e gestão de avaliações de bem-estar e pesquisa de humor. Fale com um dos nossos especialistas.

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