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A Nextel é a operadora de telecomunicações pioneira na utilização dos OKRs em larga escala nas Américas.
A história de como a empresa encontrou na metodologia uma ferramenta poderosa para enfrentar um momento de crise e de como foi ambiciosa em sua adoção (implantando-a para mais de 1.200 pessoas) é o tema deste artigo.
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Muito além de narrar os fatos, entrevistamos o responsável pelo projeto de implantação na empresa: Pedro Signorelli (Head de Gestão da Nextel até 2019) contando em detalhes como foi todo o processo e os principais resultados alcançados.
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Antes dos OKRs: A História da Nextel
A Nextel está presente no Brasil desde 1997, operando inicialmente com o sistema de rádio trunking push-to-talk por meio dos seus famosos “radinhos” ou “prip”.
O produto foi o principal diferencial competitivo da empresa, construindo na época um mercado muito interessante para ela e seus clientes.
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A partir de 2012, com o advento do 3G, o diferencial da Nextel começou a perder valor: as pessoas passaram a buscar internet rápida e os novos smartphones do mercado.
As operadores também ofereciam chamadas ilimitadas dentro do preço pago no plano e para clientes da mesma operadora. O que lembra muito o “prip”.
Ao mesmo tempo em que isso acontecia, as demais operadoras passaram a ser concorrentes diretas, a partir de 2013 a Nextel também deu um passo em direção a elas ao lançar sua rede 3G (quando as concorrentes já estavam investindo com força na nova tecnologia do momento, o 4G).
Esse cenário fez com que a Nextel passasse a ocupar uma posição defasada em relação à concorrência, o que inclusive continuou impactando os resultados da empresa nos anos subsequentes.
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Foi justamente nesse contexto desafiador que o caminho da Nextel e dos OKRs começaram a se cruzar.
Como a Nextel conheceu os OKRs
Nessa etapa, em um dos momentos mais desafiadores da história da Nextel no Brasil, assume a direção da empresa o novo CEO, Roberto Rittes.
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Como primeiras ações, foram feitas extensas reduções de custos para fazer frente ao novo patamar de receitas.
Entretanto, ainda era necessária uma agenda importante de transformação do negócio para que a Nextel alcançasse uma posição de destaque no setor de telecomunicações.
Logo após sua entrada no comando da empresa, Rittes firmou uma série de reuniões mensais de acompanhamento das áreas, resultados e ações. Em uma dessa reuniões, o novo CEO se direciona ao Pedro e diz algo como:
“Olha, acho que precisamos ter OKRs aqui na Nextel”.
Pedro já tinha uma boa experiência com gestão de indicadores, os KPIs já eram utilizados na gestão da Nextel. O desafio então foi ir atrás dos OKRs e entender como eles se encaixariam no contexto da empresa.
“Eu tentava entender por que isso [OKRs] era diferente do resto. Qual o diferencial [para KPIs]? E a princípio não foi tão claro!
Pedro SignorelliRoberto queria os OKRs pela sua agilidade, pela cadência dos ciclos trimestrais. Porque, levando em consideração o cenário que nos encontrávamos, a transformação necessária para a virada da empresa não poderia ser feita com metas anuais, que eram ciclos muito longos.”
Projeto piloto: o inicio dos OKRs na Nextel
A urgência da situação fez a Nextel ser bastante ambiciosa. O primeiro passo com a metodologia de fato foi iniciar um piloto, já no último trimestre de 2017.
É aqui também que os caminhos da Nextel e CoBlue se cruzam: a CoBlue foi escolhida como a consultoria que ajudaria no projeto de implantação dos OKRs. Após o momento de planejamento, em agosto de 2017, por fim, o piloto começou a ser posto em execução.
Nesse primeiro momento, a escala do projeto da Nextel começou a assustar. A princípio, eles iniciaram um piloto aplicando o modelo de gestão por OKRs nos times de Marketing e Finanças, com cerca de 350 pessoas.
“A gente não podia ficar pilotando 6 meses em um time, depois escalar para outra parte do time mais 6 meses. Aí já passou um ano inteiro. Nossa urgência fez o projeto escalar rápido.”
Pedro Signorelli
A Nextel começou construindo os OKRs do CEO para o trimestre (setembro, outubro e novembro de 2017), um trabalho mais macro e estratégico, que foi realizado diretamente com o Roberto.
Dessa rodada de OKRs já validados, em seguida foram selecionados os que teriam maior aderência junto às áreas de Marketing e Finanças para servirem como ponto guia para os OKRs deles.
Por fim, após um longo trabalho de construção, alinhamentos e validações, estavam prontos os OKRs de ambas as áreas.
Antonio Zubieta, sócio e co-fundador da CoBlue, que foi responsável pelo projeto de implantação na Nextel, também nos contou um pouco sua percepção sobre esse momento do piloto:
“Foi um processo longo, a gente levou quase 3 meses para construir todos os OKRs, alinhados com os OKRs organizacionais. E foi bem trabalhoso, não foi um processo simples, mas existia uma visão, principalmente do Roberto, de querer implementar, porque ele via muitos ganhos com o modelo.”
Antonio Zubieta
Pedro ainda complementa com suas percepções sobre o projeto piloto:
“O aprendizado com o piloto foi o que fez a gente voltar para o time executivo e dizer ‘Agora a gente quer implementar para a empresa inteira!’.”
Pedro Signorelli
Ao fim do projeto piloto, em dezembro, iniciaram os trabalhos para o próximo grande passo. Os OKRs seriam implementados para toda a empresa!
A ciência por trás da maior implantação de OKR das Américas
Pedro tem uma excelente analogia sobre o processo de implantação dos OKRs que compartilhou com a gente:
“Implementar OKR é ciência. Ter planejamento, ‘Vamos fazer isso, aquilo, colher esses resultados’. Mas na hora que você treina as pessoas, que você entrega o projeto às pessoas, é como dar luz a um filho, que começa a crescer, andar, etc. É nesse momento que vira uma arte.”
Pedro Signorelli
Em dezembro de 2017 as coisas já estavam a todo vapor. Em rodadas de reuniões com o comitê executivo, definiu-se os OKRs organizacionais para o Q1 de 2018, que dariam base para o alinhamento com o restante dos OKRs.
O trabalho se estendeu para as vice presidências, alinhando e construindo OKRs junto com os diretores. Todo esse processo levou quase um mês, mas deixou a Nextel pronta para o desafio que viria.
Nas primeiras semanas de 2018, logo após o recesso de final de ano, a operação que foi carinhosamente chamada de “Big Bang” teve início.
Assim sendo, o projeto seria implementado para 1.200 colaboradores. Ou seja, isso representava um aumento de 350% na escala do projeto. Tudo deveria estar planejado e ser muito bem executado para que o plano acontecesse.
Quando retornaram no dia 7 de janeiro de 2018, todos os colaboradores já tinham suas tarefas definidas. Ao mesmo tempo, foram marcadas reuniões em suas agendas para treinamentos teóricos sobre a metodologia e sessões práticas de construção dos seus OKRs.
A ideia era que até dia 16 de janeiro o projeto de implantação dos OKRs na Nextel estivesse totalmente entregue.
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Mas para isso tudo dar certo, Pedro tinha seu próprio OKR relacionado ao projeto de implantação, em que um de seus resultados era:
KR: 100% dos OKRs cadastrados na ferramenta até 16/01.
Então uma verdadeira operação de guerra foi iniciada, era preciso envolver diretores, gerentes, especialistas, analistas e coordenadores de diversas áreas diferentes, e fazer o conceitual: construção, alinhamento e validações. Isso tudo em apenas 2 semanas.
Dessa forma, o auditório da empresa foi utilizado para a realização dos workshops conceituais. Haviam mesas onde se faziam os trabalhos iniciais com as regras de como iria funcionar o modelo de gestão e eram criados grupos de trabalho que definiam os OKRs juntamente com os gerentes de cada área.
Ao fim de todo esse processo, todos OKRs estavam construídos.
Depois houve mais 2 semanas para validar todos os OKRs elaborados nesses dias. E no fim de janeiro, a Nextel havia conseguido uma adesão impressionante no projeto, com todos OKRs alinhados aos da organização e validados. Ou seja, Pedro havia batido seu KR!
KR: 100% dos OKRs cadastrados na ferramenta até 16/01.
Atualização Final = 98% ✔️
Dessa implementação ficaram de fora apenas as áreas mais operacionais da empresa como vendas e atendimento ao cliente, que continuariam apenas com a gestão por indicadores. Porém, os líderes e gestores dessas áreas tinham OKRs.
No fim de 2018, a área de atendimento ao cliente também integraria ao projeto, pois viram benefícios das outras áreas que utilizavam OKR.
Problemas da implantação de OKR
A princípio, um dos problemas de implementar OKRs em larga escala é a dificuldade de se ter a mesma consistência e abrangência no nível de maturidade em todas as áreas ou pessoas. Nesse sentido, na parte de acompanhamento dos OKRs, esperaram-se essas dificuldades.
Isso porque nem todos atualizaram os seus resultados – o que, como em todo processo humano em que há fluência no compromisso e consistência, já era esperado. Esse é o momento que vira “arte” na analogia.
“Às vezes as pessoas fazem por fazer, e daí o OKR vira uma burocracia no lugar de algo que pode ajudá-lo a ter clareza do que precisa ser feito, ser atingido.”
Pedro Signorelli
Então, a solução para isso foi o treinamento de multiplicadores. A Nextel conta com pessoas-chave em cada área responsáveis por serem os pontos focais para a gestão por indicadores, ajudando a esclarecer dúvidas e multiplicar o conhecimento sobre o modelo.
Ou seja, essas pessoas se tornaram OKR Masters (ou Líder OKR) e atuam como figuras que garantem o acompanhamento e a disciplina. Sobre isso, Antonio Zubieta descreve:
“Tivemos um trabalho bem intenso de ajudar essas pessoas a terem a capacidade de replicar o trabalho, ajudarem a gente e elevar o nível de comprometimento dentro da empresa. E funcionou muito bem! Elas ficaram super envolvidas com o projeto, cobravam nas áreas, faziam as reuniões acontecerem, e foram importantes para fazer o OKR acontecer na Nextel!”
Antonio Zubieta
Dessa forma, complementar à isso, Pedro destaca a importância de Rittes, CEO da Nextel:
“Se ele não tivesse emprestado sua autoridade para o tema, não adiantaria nada. Se o presidente não estivesse olhando, ninguém teria feito as coisas com tanto compromisso.”
Pedro Signorelli
Mas é claro, temos um destaque importante para o papel do Pedro nesse processo, que fica evidente na fala do Antonio:
“O Pedro foi fundamental, porque ele era o operacional do projeto, tinha o papel de ir nas áreas, de fazer a coisa acontecer, e o fez com brilhantismo.”
Antonio Zubieta
Os benefícios dos OKRs na Nextel
Logo no primeiro trimestre com os OKRs ativos, a Nextel já conseguiu sentir os primeiros benefícios da implantação.
Alinhamento Estratégico
Primeiramente, sobre esse primeiro benefício percebido, Pedro destaca:
“A gente tinha dados, por meio de pesquisa de RH na Nextel, que uma das grandes dores da organização era a compreensão de qual era a estratégia da empresa. E no final do primeiro trimestre, o RH refez a pesquisa e a nota de alinhamento estratégico subiu substancialmente.”
Pedro Signorelli
O modelo de OKRs não foi a única ação relacionada à comunicação que a Nextel adotou para alinhar sua estratégia, mas é indiscutível que teve um papel importante nesse indicador.
Foco
Em segundo lugar, o benefício foi o “foco”. A Nextel tinha um inventário com cerca de 600 projetos acontecendo ao mesmo tempo, e ficou claro que não daria para entregar tudo isso. A solução, como conta Pedro, foi olhar para os OKRs e definir as prioridades:
“Olhamos para tudo que tinha sido definido e fizemos a pergunta: esse projeto sustenta qual OKR? Nenhum? Então vamos pará-lo! E esse projeto? Nenhum. Então para! E assim por diante.”
Pedro Signorelli
Por fim, a Nextel terminou com 110 projetos prioritários que suportavam seus OKRs. O restante foi congelado para outro momento.
Colaboração
Em terceiro lugar, outro benefício destacado foi a “colaboração”. Os diretores discutiam em conjunto as estratégias e quais eram os OKRs prioritários para o trimestre, uma primeira amostra tangível de que os OKRs estavam ajudando a Nextel a ser mais colaborativa em atingir sua estratégia. Pedro comenta:
“Saímos de um cenário em que cada um definia na sua mesa ‘os meus OKRs são esses’ e evoluímos para um momento com 30 executivos juntos para definir ‘o que a gente tem que fazer? Quais sãos os nossos OKRs?’ Isso foi um avanço!”
Pedro Signorelli
Por consequência, esse empenho de transformação estratégica da Nextel com os OKRs, começaram a impactar a gerar resultados reais para a organização.
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E os resultados, aparecem também, principalmente, na qualidade do serviço e na entrega final para os clientes.
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A própria Nextel já realizou uma série de vídeos (no seu Linkedin) em que apresenta os resultados da aplicação do modelo de OKR junto com SQUADs na empresa, mostrando a opinião dos seus próprios colaboradores.
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Nova carreira e novos desafios
Atualmente Pedro está enfrentando um novo desafio, o maior em sua carreira, uma mudança profissional em todos os sentidos. Ele fundou a Pragmática Gestão e está ajudando outras empresas a implementar OKR.
Nesse sentido, isso requer uma transformação pessoal tão importante como aquela que ajudou a conduzir na Nextel.
“Agora estou à frente da empresa. E tenho que me reinventar um pouco, me transformar nessa agenda, entendo que tenho uma experiência extremamente relevante em OKR, primeiro pelo tamanho da implantação e depois pelo tempo que trabalhamos no modelo.”
Pedro Signorelli
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Além do case de implantação, Pedro ficou 2 anos como head de gestão na Nextel. Neste período, criou a OKR Week, onde disponibilizava sua agenda a cada início de ciclo para auxiliar as pessoas e as áreas na definição de OKRs que fizessem sentido para o negócio. E, ao longo do ciclo, apoiava as áreas no acompanhamento dos seus OKRs.
Conheça a Pragmática Gestão e entenda como a experiência do Pedro com a maior implantação de OKR das Américas na Nextel, pode te ajudar a implementar OKR.
Aplique OKR no seu negócio com a CoBlue!
O que acha da sua empresa seguir o exemplo inspirador da Nextel, e ser mais um exemplo de uma implantação de OKR bem sucedida?
O alinhamento estratégico, foco e colaboração, estão são pilares da metodologia OKR, e são características que podem fazem a diferença em organizações de sucesso.
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A CoBlue combina um software completo de OKR com serviços personalizados para sua empresa!
Portanto, o que você achou desse case de implantação da Nextel? Acha que os aprendizados que falamos aqui, possa inspirar positivamente a sua gestão? Deixe um comentário e vamos conversar sobre!
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Parabéns a equipe da Coblue… acompanho o trabalho de vocês e é excelente o que fazem pela cultura ágil. Um abraço a todos.